quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Louva-a-deus do norte e Louva-a-deus do sul

Louva-a-deus (螳螂拳; pinyin: tánglángquán) é o nome dado a dois estilos distintos de artes marciais chinesas; um deles é característico "do Sul" e o outro "do Norte" da China.
O estilo louva-a-deus do norte foi criado por Wang Lang na província de Shandong. Wang Lang se inspirou na agressividade e eficácia do inseto ao combater uma cigarra.
Algumas características do estilo louva-a-deus do norte são: grande velocidade, ataques incessantes, e movimentação complexa dos pés.
O estilo também é muito conhecido pelo uso da "garra do louva-a-deus" (um gancho feito com os dedos da mão).

 A lenda da criação do estilo do louva-a-deus

O lutador Wang Lang, depois de ter perdidos algumas lutas para monges de shaolin, resolveu ir à floresta para contemplação. Enquanto descansava debaixo de uma árvore, Wang ouviu a longa nota aguda de uma cigarra em um galho baixo do arbusto acima dele. Olhando silenciosamente para o alto, Wang reparou em um frágil, com aparência quase quebradiça, louva-a-deus engajado em uma luta de vida ou morte com a grande cigarra. A cigarra estava fazendo o máximo, sua cabeça estava contra o louva-a-deus e quase o imobilizava com sua tenacidade. Foi quando o louva-a-deus reagiu com ferocidade usando sua forte virada de patas e mordendo a boca da robusta cigarra para agarrar e desfazer-se da posição em que estava. O carnívoro louva-a-deus consumiu a sua vítima. Altamente impressionado com o que vira, Wang decidiu capturar o inseto vitorioso e então observar os seus movimentos defensivos e ofensivos. Usando um graveto de pequeno comprimento, ele cutucava e provocava o louva-a-deus em todas as direções. Invariavelmente o louva-a-deus, com sua cabeça capaz de virar para qualquer direção, se defendia efetivamente quando provocado de frente ou de costas. O perseverante inseto tornou-se a inspiração de Wang para o seu novo sistema de combate. Foi de uma preparação pessoal concentrada e fixa ele finalmente acreditou que estava preparado para testar seu novo estilo de luta contra o mestre do monastério. Wang extraordinariamente derrotou o mestre dos monges com suas táticas de inseto selvagem nunca antes usadas por um homem. Os monges aceitaram com surpresa e respeitosamente a sua derrota, e então procuraram aprender o novo e estranho sistema.
A história de sua vitória se espalhou pelas diversas províncias, tornando Wang Lang o novo herói das artes marciais, logo rodeado por muitos discípulos. O sonho de Wang Lang foi finalmente realizado, sua escola de auto defesa do louva-a-deus se tornou extremamente proeminente no Nordeste da China, sendo considerada por alguns como uma das maiores de sua época. O venerável Wang morreu anos mais tarde, feliz com sua fama como mestre do sistema louva-a-deus.
O louva-a-deus, inseto cuja aparência nos sugere devoção é ironicamente um predador por natureza. Suas patas dianteiras, costumeiramente posicionadas de forma a sugerir as mãos juntas de um devoto, graças ao estilo marcial que inspirou tornou-se o inseto mais famoso no campo das artes marciais.

Estilos

A garra do louva-a-deus.
Há vários sub-estilos de louva-a-deus:
  • Wah Lum Tam Tui 華林探腿北螳螂派
  • Flor de Ameixa Supremo 太極梅花螳螂拳
  • Supremo (Tàijí) 太極螳螂門
  • Flor de Ameixa 梅花螳螂拳
  • Seis Harmonias 六合螳螂拳
  • Oito Passos 八步螳螂拳
  • Tábua Brilhante 光板螳螂拳
  • Punho Longo 長拳螳螂拳
  • Throwing Hand 摔手螳螂拳
  • Portão Secreto 秘門螳螂拳
  • "Seeking Leg" 探腿螳螂拳
  • Sete estrelas 七星螳螂拳
Louva-a-deus do sul
  • Apesar do seu nome, o estilo louva-a-deus do sul das artes marciais chinesas não tem relação nenhuma com o estilo louva-a-deus do norte. O louva-a-deus do sul é em vez disso um parente próximo de outros estilos Hakka como o Kung Fu do Dragão e um parente distante da família de estilos de Fujian que inclui o Grou Branco de Fujian, o Cinco Antepassados, e o Wing Chun.
    O louva-a-deus do sul é um sistema de combate a curta distância que privilegia técnicas de força curta e tem aspectos quer suaves e internos quer duros e externos. Como noutros estilos do sul da China, os braços são a arma principal, com os pontapés normalmente limitados abaixo dos quadris. Coloca-se grande ênfase no fortalecimento e desenvolvimento dos braços. Quando um braço estendido é forte, isso permite ao praticante mover-se mais rapidamente uma vez que não precisa de recolher o braço ou trazê-lo atrás para conseguir mais força, como no boxe ou noutros sistemas de combate.
    Como o Wing Chun e o Xingyiquan—outros estilos criados como artes de puro combate —o louva-a-deus do sul não tem grande valor estético, ao contrário do seu homónimo do norte e de outros estilos.
    O louva-a-deus do sul tem ligações com a medicina tradicional chinesa, em particular o conceito de meridianos, que usa para dim mak e tui na.

     

     Ramos

    Os quatro ramos principais do louva-a-deus do sul são:
    • Chow Gar (周家; família Chow)
    • Chu Gar (朱家; família Chu)
    • Kwong Sai Jook Lum (江西竹林; Jiangxi Floresta de Bambu)
    • Boi de Ferro (鐵牛)
    Pode-se adivinhar um antepassado comum não apenas devido às suas semelhanças, mas também ao facto de todos partilharem uma sequência técnica, Sarm Bo Jin.[1] No entanto, as genealogias destes ramos não são suficientemente completas para estabelecer a ligação entre eles até um único antepassado comum.

    Lau Shui 劉瑞/劉水

    Apenas o parentesco entre os ramos das famílias Chow e Chu pode ser verificado, uma vez que o antepassado comum mais recente de ambas, Lau Shui (劉瑞, 劉水﹞, morreu em 1942, uma data relativamente recente.

    Chow Gar 周家

    O ramo da família Chow estabelece os antecedentes da sua arte até cerca de 1800 até Chow Ah-Nam (周亞南), um Hakka que enquanto rapaz deixou a sua casa na província de Cantão/Guangdong para tratamento médico no Mosteiro de Shaolin do sul na província de Fujian onde, para além de ser tratado ao seu problema do estômago, foi treinado nas artes marciais e veio a criar o louva-a-deus do sul.

    Chu Gar 朱家

    O ramo da família Chu atribui a sua arte a Chu Fook-To, que criou o louva-a-deus do sul como um sistema de combate para adversários da Dinastia Qing manchu (16441912) que derrubou a família real han Ming (13681644) da qual ele era um membro. De acordo com o ramo da família Chu, os líderes Qing destruíram o Mosteiro de Shaolin original de Henan por Chu se ter refugiado lá, obrigando Chu a fugir para o Mosteiro de Shaolin do Sul em Fujian.

    Kwong Sai Jook Lum 江西竹林

    O estilo Kwong Sai Jook Lum faz recuar as suas origins ao templo de Jook Lum Gee[2] no Monte Longhu (龍虎山) em Kwong Sai,[3] onde foi criado no início do séc. XIX por um dos monges, Som Dot. Em meados do séc. XIX, Som Dot trasmitiu a arte ao seu condiscípulo monge Lee Siem, que viria a visitar Cantão, para o sul, e ensinar aí a arte a praticantes leigos. Um dos alunos de Lee de Cantão, Chung Yu-Chang, viria a voltar com ele para Kwong Sai a fim de completer o seu treino em Jook Lum Gee. Cerca de 1900, Chung abriu a sua primeira escola de artes marciais e clínica de medicina tradicional chinesa no condado de Bao'an na cidade de Píngshān (坪山), da qual eram nativos Wong Yook-Kong e Lum Wing-Fay, que viriam a ser os seus sucessores. Wong viria a ser o responsável pela preservação do Louva-a-Deus de Kwong Sai Jook Lum dentro da China e Lum (também referido como "Lum Sang" 林生, literalmente "Senhor Lum," forma respeitosa usada pelos seus sucessores) responsável pela sua disseminação no exterior.

     Boi de Ferro 鐵牛

    O ramo do Boi de Ferro é assim denominado devido ao seu fundador, Boi de Ferro Choi (Choi Dit-Ngau; 蔡鐵牛), que lutou na Revolta dos Boxeres (1900).

    "Hakka Kuen"

    Ainda que se possa contestar a veracidade das histórias que contam as origens dos estilos de louva-a-deus do sul, o que é indiscutível é a sua ligação ao povo Hakka da região do interior oriental de Cantão. A região que é constitui o berço do louva-a-deus do sul começa no centro do território Hakka em Xingning, de onde o fundador do Chow Gar, Chow Ah-Nam, veio. De Xingning, o Dongjiang flui para ocidente vindo da de Meizhou através de Heyuan, de onde o fundador do Boi de Ferro Choi Dit-Ngau veio. Na prefeitura de Huizhou, o Dongjiang forma a fronteira setentrional do condado de Huìyáng (惠陽), de onde eram originários o mestre Chung Yu-Chang do Kwong Sai Jook Lum e o mestre Lau Shui do estilos Chow/Chu Gar. Daqui, o Dongjiang corre para o Delta do Rio das Pérolas no condado de Bao'an (actualmente Shenzhen), de onde vieram os mestres Wong Yook-Gong e Lum Wing-Fay do Kwong Sai Jook Lum. Todos estes mestre pertenciam ao povo chinês falante de hakka, que manteve o louva-a-deus do sul apenas para os seus, até à geração de Lau Shui e Lum Wing-Fay.
    De facto, a tradição do Kwong Sai Jook Lum diz que em tempos foi conhecido por "Hakka Kuen" (literalmente "punho hakka") pelo público em geral na zona do Delta do Rio das Pérolas. Quando Lum Wing-Fay começou a ensinar pela primeira vez louva-a-deus do sul nos Estados Unidos, fê-lo numa organização fraternal Hakka, a Hip Sing Tong. Lum viria depois a aceitar estudantes que não eram hakka, mas ainda tinham que ser chineses (parece ter havido como excepção um taxista branco cuja bondade incomum para com Lum lhe permitiu receber alguma instrução básica de um dos discípulos de Lum). Foi apenas a geração seguinte de mestres de Kwong Sai Jook Lum que tornou a arte disponível para aprendizagem por um público não-chinês.
    A aceitação por Lau Shui do não-Hakka Ip Shui como um discípulo teve muito a ver com a bondade demonstrada por Ip e sua esposa para com Lau quando ele ficou doente numa altura em que a ocupação japonesa de Hong Kong o tinha isolado de todos os seus familiares. Todos os outros quatro discípulos de Lau —Chu Kwong-Wha, Chu Yu-Hing, Lum Wha, e Wong Hong-Kwong—eram hakka.
    A tradição do louva-a-deus do sul Chu Gar defende que os hakka descendem de gente leal à Dinastia Ming que fugiu para o sul quando esta foi destronada pela Dinastia Qing. No entanto, os estudos académicos sobre a história da China apontam para que o termo "Hakka" referisse originalmente, não os refugiados fugidos à perseguição da Dinastia Qing, mas sim aquelas populações que receberam incentivos dados pelas autoridades durante essa dinastia para irem estabelecer-se em regiões subpovoadas do sul da China. Entre as artes marciais do sul da China, o ramo da família Chu do louva-a-deus do sul está longe de ser o único a invocar uma herança de resistência anti-Qing; o facto de a maior parte dos sistemas dessa região o fazerem é reflexo da grande quantidade de resistentes anti-Qing nos meios das artes marciais chinesas meridionais. Quer Cantão quer Fujian são províncias onde há zonas preponderantemente hakka, ambas estão fortemente associadas com as artes marciais chinesas do sul, e ambas foram palco de forte e persistente oposição ao governo Qing, como a Revolta de Taiping, liderada por hacás e a Sociedade do Céu e da Terra, cujos fundadores eram da prefeitura de Zhangzhou na Província de Fujian, na sua fronteira com Cantão. Sociedades como a Céu e Terra são dignas de nota pela forma como os seus membros transcendiam as barreiras tradicionais da sociedade chinesa como as que separam habitualmente hacás de não-hacás. De facto, uma precursora da Sociedade do Céu e da Terra foi organizada por Ti Xi, um dos fundadores da Céu e Terra, em Huizhou, parte da região considerada "centro" do estilo louva-a-deus hakka. A Sociedade do Céu e da Terra desenvolveu mitos de origens em Shaolin como parte de um mais vasto discurso anti-Qing. Talvez os hakka que se opunham à Distastia Ming tenham feito algo de semelhante, transformando a sua migração para sul e a fuga para sul dos resistentes leais aos Ming numa única narrativa.

    Louva-a-deus?

    As tradições dos ramos Chow Gar e Kwong Sai Jook Lum dizem que os seus respectivos fundadores Chow Ah-Nam e Som Dot criaram os seus estilos após terem testemunhado uma luta entre um louva-a-deus e um pássaro, que o louva-a-deus ganhou. Esta inspiração é um motivo recorrente nas artes marciais chinesas que pode ser encontrado também nas lendas do louva-a-deus do Norte, de ambos os estilos de Grou Branco, do Tai Chi Chuan, e do Wing Chun.
    No entanto, as tradições do ramo da família Chu dizem que o nome "louva-a-deus do sul" foi escolhido para esconder das forças Qing as suas afiliações políticas fingindo que este esotérico estilo praticado por resistentes leais aos Ming era afinal uma variante regional do popular e muito espalhado estilo Louva-a-deus de Shandong.

    Notas

    ChinesePinyinCantonense de Yalepinjim hakka
    Sarm Bo Jin三步箭Sān Bù JiànSaam1 Bou6 Jin3Sam1 Pu5 Zien5literalmente "Flecha dos Três Passos"
    Jook Lum Gee竹林寺Zhú Lín SìJuk1 Lam4 Ji6Zuk7 Lim2 Sii5literalmente "Templo da Floresta de Bambu"
    Kwong Sai江西JiāngxīGong1 sai1Gong1 si1Jiangxi (江西; Yale Cantonese: Gongsai), not Guangxi (廣西, Yale Cantonese: Gwongsai)
    Na versão de Chow Gar Tong Long praticada na Austrália sob a direcção de Henry Sue a estrutura de formas até ao nível de Discípulo é
    • Sarm Bo Gin
    • Sarm Bo Yil Sou
    • Sarm Bo Bik Kui
    • Sarm Bo Pai Tarn
    • Tong Long Bow Sim Sou
    • Tong Long Won Sou

HISTÓRIA DE CHOY LEE FAT KUNG-FU

cHISTÓRIA DE CHOY LEE FAT KUNG-FU b

Texto de Chen Yong Fa:
"O meu nome é Chan Yong Fa e eu sou um descendente directo de quinta geração de Chan Heung – o fundador do Choy Lee Fut. Nasci em Cantão, China. Com a idade quatro anos fui iniciado pelo meu avô , Chan Yiu Chi , e pelo meu pai , Chan Wan Hon , na arte do Choy Lee Fut . Baseando-me em recordações de conversas com elementos mais velhos da família e na referência a manuscritos dos meus antepassados, espero escrever brevemente neste artigo as origens do Choy Lee Fut, de modo a que outros possam ter uma melhor compreensão do nosso sistema de artes marciais."

Os dois primeiros Mestres de Chan Heung :
O meu tetravô, Chan Heung, era originário da aldeia Ging Mui no distrito de Ngai Sai, do condado de Sun Wui, na província de Kwantung. Desde os sete anos que lhe foram instruídas as artes marciais pelo seu tio, o ancião da aldeia, Chan Yuen Wu. Apesar de ser apenas um rapaz, Chan Heung era forte e rápido a aprender. Ele tinha um talento natural, por isso conquistou rapidamente o afecto do seu tio, que não poupou esforços para lhe ensinar tudo o que sabia. Alguns anos depois, o Kung-Fu de Chan Heung, tinha feito progressos espantosos sendo por isso convidado a fundar uma escola para o seu tio, na cidade de Sun Wui.
Com o passar do tempo Chan Heung viu a sua reputação aumentar ganhando com isso muitos alunos. Um dia, descobriu que um outro instrutor, de nome Lee Yau Shan, tinha sido convidado a ensinar nos arredores. Lee era um discípulo do monge Shaolin Ji Sin e a sua habilidade era tida como formidável. Chan Heung sendo forte, selvagem e apaixonado de uma boa luta, decidiu pôr as suas habilidades à prova. Heung emboscou Lee quando ele estava a sair do restaurante e tentou atira-lo ao chão, tendo para isso posto ambos os braços devolta da cintura de Lee. Contudo, Lee tomou o ataque calmamente, dobrou ligeiramente os joelhos, baixou o seu chi e o seu centro de gravidade de tal modo que qualquer que fosse a força que Chan Heung aplica-se Lee permanecia imóvel. Em seguida Lee girou e rasteirou Chan Heung, que foi capaz de se levantar sem qualquer ferimento. Lee, elogiou Chan Heung e exigiu saber a que escola pertencia e porque o tinha atacado ás escondidas em vez de o ter desafiado para uma luta. Chan Heung, envergonhado, respondeu que o ataque tinha sido sua ideia na tentativa de aprender o limite das suas capacidades e que não queria implicar o seu mestre na sua derrota. Lee achou piada à resposta e deixou Chan Heung perplexo.
Alguns dias depois, Chan Heung soube que Lee tinha comentado que alguém tão forte e novo, com tamanha inteligência e habilidade, estava a desperdiçar a sua vida e talento porque a vaidade o impedia de melhorar a sua habilidade. Então compreendeu a verdade e que não há limite para a arte do Kung-Fu. Imediatamente demitiu-se do posto de instrutor chefe e inscreveu-se na escola de Lee. Chan Heung foi discípulo de Lee durante cinco anos, levando assim a sua habilidade a um novo patamar.
O monge Choy Fook:
Um dia, Lee Yau Shan e Chan Heung souberam de um monge recluso, de nome Choy Fook, que estava a viver num templo no monte Law Fou. Este monge era conhecido pela sua habilidade na medicina chinesa. Lee disse a Chan Heung que se o monge era tão hábil na Dit Da (tratamento de lesões musculares e esqueléticas ), deveria ser também hábil nas artes marciais. Ávidos pela curiosidade, Lee e Chan decidiram visitar o tal monge imediatamente. Ao chegarem ao portão do templo depararam-se com um homem muito velho, mas alto e musculoso com um olhar penetrante. Ele afirmou ser discípulo do monge Choy Fook, convidou-os a entrarem no templo e tomarem chá com ele enquanto esperavam que o seu mestre regressasse das suas rondas diárias.
Enquanto as duas visitas estavam sentadas, o homem idoso procedeu ao corte da madeira para ferver a água, fazendo isso com as suas próprias mãos.
 A curiosidade de Lee tinha sido suscitada. Ele comentou com Chan Heung que este homem idoso tinha um Kung-Fu bastante bom, e que, se ele se estava a exibir para o bem deles, isso significava que eles teriam de responder com algum truque seu. Lee levantou-se e caminhou para junto de uma pedra de moer arroz  que estava junto das escadas do templo. Primeiro soltou a terra de volta das lages de pedra e em seguida deu um passo a trás e chutou a pedra de moer arroz levantando-a no ar. O homem idoso olhou-o divertido. Em seguida subiu para cima da pedra de moer arroz cortando à lage superior um canto, que pulverizou com as suas próprias mãos atirando o pó para a frente de Lee, anunciando, assim, que ele era na verdade Choy Fook e que o pó em frente de Lee servia de lembrança para os intrusos que não se comportavam de uma maneira apropriada.
Lee, ficou cheio de respeito por Choy Fook, agradeceu ao homem idoso e saiu imediatamente, deixando Chan Heung para trás para resolver a situação. Sendo um jovem astuto e amável, devoto às artes marciais, Chan Heung apercebeu-se que isto era uma oportunidade de treinar com outro mestre de conhecimentos superiores. Caiu imediatamente de joelhos em frente de Choy Fook implorando-lhe que o aceitasse como discípulo. Choy Fook observou Chan Heung em silêncio – observando as características e maneiras do jovem – e, finalmente, concluiu que o pedido era genuíno. Sorriu e disse a Chan Heung que, se ele desejava ser seu discípulo, teria que obedecer às três seguintes condições, ou então que fosse imediatamente embora:
As três condições que Choy Fook ordenou a Chan Heung foram:
  1. Chan Heung teria que permanecer com ele no mosteiro durante pelo menos dez anos até ao fim da sua aprendizagem;
  2. Chan Heung estava proibido de utilizar os seus conhecimentos para matar ou para aleijar e nunca deveria ser presunçoso daquilo que tinha conseguido;
  3. Chan Heung teria que chutar a mó de arroz devolta para o seu lugar de origem;
Para grande deleite de Chan Heung a mó de arroz caiu facilmente no seu buraco original, e ele tornou-se então discípulo de Choy Fook.
Durante os dez anos seguintes, Choy Fook ensinou, a Chan Heung, Kung-Fu com grande disciplina e precisão. Cada nova técnica demorava dias a aprender, pois, Chan Heung, tinha que entendê-la antes que a próxima pudesse ser ensinada e dominar cada movimento com velocidade, precisão, força. Chan Heung viu o seu Kung-Fu melhorar espantosamente e, verificou que era muito diferente daquilo que tinha sido. O conhecimento fornecido por Choy Fook consistia em técnicas de punhos e bastão com ajuda nos treinos de bonecos de madeira. Era interminável e cheia de mudanças subtis, como a própria natureza. A combinação de trabalho árduo, dedicação, habilidade natural e de karma de um bom professor, permitiu a Chan Heung terminar o seu treino dentro do período dos dez anos.
Choy Fook despede-se de Chan Heung.
Um dia Choy Fook deu um banquete em homenagem a Chan Heung durante o qual se despediu deste e revelou a sua própria origem. Ele era originário do Templo Shaolin de Fukien, o qual tinha sido destruído por um incêndio.
Durante a sua estadia em Fukien o exército Ching convidou 36 monges do mosteiro para ajudar a suprimir a revolta no Tibete, que já se prolongava à 3 anos. Foram necessários 3 meses para que os monges controlassem o Tibete outra vez.
Temendo o progresso marcial dos monges Shaolin, o governo Ching propôs aos monges a sua integração na corte como monges guerreiros. Perante a recusa destes o governo Ching, temendo futura oposição, decidiu exterminar toda a ordem monástica Shaolin. Assim, incendiou todo o templo no 25º dia da7ª lua no 11º ano do reinado do Imperador Jung Jing.
(7) No total sobreviveram seis monges sendo Choy Fook um deles. Escapou com a cabeça a arder e, por isso, lhe foi atribuída a alcunha de "cabeça ferida", devido à cicatriz da queimadura na sua cabeça. Mais tarde, este dirigiu-se para o Monte Law Fou na província de Kwantung onde permaneceu escondido.
Choy Fook continuou a dizer que as artes de luta Shaolin tinham sido originadas pelo fundador do mosteiro, o monge Da Mo (Bodhidharma) e mais tarde aperfeiçoadas pelo monge Gok Yuen e outro. Mestres de fora do mosteiro foram também convidados a contribuírem com as suas capacidades, neles estando incluídos os famosos Lee Sau e Bak Juk Fung.
Com o tempo e constantes experiências, as artes de luta Shaolin foram sendo refinadas. Seis anos de prática de Kung-Fu Shaolin podiam ser considerados como um pequeno feito; dez anos de prática de Kung-Fu Shaolin podiam ser considerados como um feito qualificativo.
Choy Fook disse que não tinha a certeza se era da sorte de Chan Heung ou por causa das artes marciais de Shaolin, que Chan Heung tinha conseguido aprender tudo o que ele lhe tinha para ensinar. Pois, já estava conformado com o facto de poder vir a morrer nesse deserto, levando consigo a sua arte para o túmulo.
Apesar disso estava disposto a mandar Chan Heung para casa, acrescentando, com tudo, que para se ser um seguidor de Shaolin, se deve também procurar o caminho do buda, bem como a medicina chinesa e "os seis feitiços mágicos". Ao ouvir isto, Chan Heung decidiu ficar dois anos extras, até que estivesse pronto para deixar o mosteiro no 12º ano.
Na altura da despedida, Chan Heung pediu ao seu mestre para lhe revelar o seu futuro. Choy Fook disse-lhe que, apesar dele não ser talhado para a vida de um oficial da corte seriam, ele e o seu filho, lideres de homens, enquanto a tradição de Shaolin se mantivesse viva. E, entre outros conselhos, deu a Chan Heung uma dupla copla que o tempo provou ser autentica:
"O Dragão e o Tigre encontraram-se no Paraíso
Para reviver os nossos caminhos Shaolin
Ensina aos nossos seguidores a rectidão
Deixa cada geração manter a tradição e inspirar"
Quando Chan Heung disse o seu ultimo adeus, estava acompanhado por três dos seus irmãos aprendendo todo o caminho da encosta da montanha. Eram eles Jung Tin Cheung (de alcunha Jung o Corajoso), um monge do Monte Law Fou de seu nome Tung Kwan e um homem do seu próprio país de Sun Wui chamado Chan Chang Inn.
Chan Heung regressa à província de Sun Wui:
Chan Heung voltou para a sua aldeia e abriu uma clinica para ajudar e tratar os doentes.
Mais tarde ele foi persuadido pelos anciões da sua família a fundar uma escola no pátio ancestral da aldeia. Denominou o local de Hung Sing Gwoon e a sua clinica de Wing Sing Tong.
Naquela altura Chan Heung concluiu que todos os principais ramos das artes marciais chinesas eram originários do templo Shaolin, bem como os famosos estilos sob os nomes de família dos Hung, Lau, Choy, Lee e Mok. Vendo que o seu estilo de Kung-Fu foi também ensinado por professores de apelido Choy, Lee e Chan ele pensou que seria correcto sintetizar os seus ensinamentos e dar-lhes um nome que comemoraria e honraria os seus feitos, em vez de ser egoísta e chamar-lhe o estilo Chan.
Ele escolheu o nome Choy Lee Fut, dando a seguinte explicação: Choy em honra do monge Choy Fook, que lhe transmitiu muito do seu conhecimento; Lee, em honra de Lee Yau San e ao mesmo tempo comemorar em especial outro pioneiro, Lee Sau, que veio expandir e melhorar o alcance das artes marciais Shaolin; e Fut significando Buda para comemorar a origem budista da arte, pois todos os seus três mestres poderiam encontrar a sua linhagem até ao templo Shaolin.
Três anos mais tarde, a convite do seu tio e das associações locais de estrangeiros, Chan Heung deixou a aldeia e viajou pelo oceano Atlântico.
 Aí, ensinou os chineses estrangeiros durante três anos, seguindo os seus compatriotas locais. Depois viajou para o sul do oceano (Singapura e Malásia) para ensinar na Associação de Kwantung por vários anos. Á sua chegada a Monte de Law Fou, para visitar Choy Fook, descobriu que o monge tinha morrido durante a sua ausência com a idade de 112 anos. Interpretando o facto de não ter sido capaz de falar com o mestre uma vez mais, antes da sua morte, como mau sinal, decidiu fazer penitência através da edição de um livro com tudo aquilo que ele sabia. Assim impossibilitaria haver má interpretação e ambiguidade dentro desta arte. Chamou ao manuscrito "O manual das artes de luta Choy Lee Fut".
O meu tetravô passou esta arte para os seus filhos, Koon Pak e Si Loong (também conhecido por On Pak). Si Loong recebeu apenas o conhecimento da medicina e da formula mágica e morreu cedo sem um herdeiro masculino.
O meu bisavô, Koon Pak, passou a arte ao seu filho Yiu Chi e este por sua vez passou o seu conhecimento para o meu pai, Wan Hon. Foi, contudo, principalmente com os esforços das três primeiras gerações que a arte do Choy Lee Fut se espalhou por toda a China, Hong Kong, Macau, Sudeste Asiático e Mundo ocidental.
O meu pai morreu em Cantão em 1979 e agora é a minha vez de continuar a tradição de propagar a
"arte do Choy Lee Fut".

  1. A maioria do material deste artigo provêm de um manuscrito, nunca publicado, escrito pelo avô de Chan Yong Fa, Chan Yiu Chi, intitulado "A História do Choy Lee Fut". E em parte histórico e em parte autobiográfico. A cópia original escrita à mão ainda é conservada pela família em Cantão e nunca foi destinado ao publico, pois relata muitos episódios controversos da história. Foi escrito para uso privado dentro do seio familiar e a determinados discípulos de confiança.
  2. Não foi feita qualquer tentativa rigorosa ou escolástica neste artigo para traduzir os nomes chineses ou lugares por qualquer método pré-estabelecido. É apenas uma rígida transliteração privada em cantonês.
  3. Um tio paterno e um ancião da família relacionaram-se por uma linha sangue em gerações anteriores.
  4. Chang Heung depressa descobriu que uma rotina diária dos treinos era a de partir lenha com as suas próprias mãos.
  5. Uma mó consistia em duas lajes circulares de granito com aproximadamente 61cm de diâmetro e 23 cm de espessura, juntas por uma cavilha de madeira ao centro. O arroz era posto entre as duas lajes de pedra e moído em farinha para cozinhar.
  6. A terceira condição tinha como objectivo testar a força de Chan Heung e, ao mesmo tempo, encontrar o mandato divino para a disciplina de Chan Heung.
  7. O ano mencionado é aproximadamente 1734.
  8. O oceano do norte refere-se à área que rodeia as províncias de Shantung e Hopei, no norte da China. Leituras posteriores do manuscrito referido em (1) leva a crer que o lugar referenciado é de facto a América.
  9. Quando Chang Heung se encontrou pela primeira vez com Choy Fook, o seu mestre já tinha noventa e seis anos.
  10. Este manual é de facto uma colecção de formulários para a vasta variedade de formas de punhos e de armas de Choy Lee Fut e, cada uma, nota-se claramente da seguinte maneira: i) o nome ou a sequência de movimentos; ii) a direcção do corpo em relação a este; iii) uma descrição do movimento da parte superior do corpo; iv) uma descrição do movimento da parte inferior do corpo; v) uma explicação da técnica e do seu uso prático na defesa pessoal.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Endereço da United Word Kung Fu

 United Word Kung Fu


A academia de artes Marciais United Word Kung Fu Club
Familia Ng

Familia Ng vem sobre a direção de Mestre wah, e surge para divulgar a verdadeira essência das artes marciais chinesas o Tai Chi Chuan e o Kung Fu. No entanto temos o intuito de criar um espírito de união entre todos os praticantes, pois somente com este espírito poderemos crescer e mostrar o verdadeiro valor da nossa arte. Que é direcionada principalmente para Saúde,Disciplina e Defesa Pessoal.

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Tai Chi Chuan.
RUA JOSÉ CARVALHEIRA Nº 239 TAMARINEIRA. RECIFE
FONE: (81) 3441-6447

Seja bem vindo!!!

Nosso "Mestre Lap Wah Ng"

"Mestre Lap Wah Ng"
- Mestre Wah natural da China da cidade de Canton, mas foi com um ano de idade com sua mãe e seus irmãos para Hong Kong.

- Com 11 anos no colégio da marinha praticou um ano de boxe e judô aos 17 anos começou a praticar Kung Fu estilo Wing Tsu com Mestre Leung Ting, e Tae Kow Do na associação Y W C A com a equipe do professor Li Hon Kay até se forma faixa preta 1º Dan e em 1975 também treinou Kung Fu estilo Dragão.

- Em 1976 se formou em 2º Dan faixa preta, neste ano ele saiu de Hong Kong vindo para o Brasil.
Aqui no Brasil neste mesmo ano Mestre Wah foi treinar com o irmão do Grão-Mestre Li Hon Kay, o Grão-Mestre Li Wing Kay.

- 1º ano treinou Karate com o Grão- Mestre Li Wing Kay estilo Shorinryu e participou de vários campeonatos e varias apresentações por todo o Brasil.
- Em 1977 começou o treinamento Kung Fu estilo Garra de Águia com o Grão-Mestre Li Wing Kay.

Em 1979 recebeu o convite de dar aulas de Tae Kow Do como sendo o 1º professor de Tae Kow Do na cidade de Goiânia no estado de Goiás.

- Em 1980 Mestre Choi Coreano 4º Dan de Tae Kow Do convidou lhe para ser seu aluno e ajudante em Brasília, mas em 1981 Mestre Wah voltou para São Paulo para continuar seu treinamento com o Grão-Mestre li Wing Kay.

- Em 1982 Mestre Wah se mudou para Porto Alegre RS, para abrir uma academia para divulgar o Kung Fu estilo Garra de Águia, e também foi convidado a ensinar Tae Kow Do na academia do Grão-Mestre Te Bo Lee.

Em 1983 Foi professor de Kung Fu na academia KIDOKAN em Duque de Caxias, nessa mesma época treinou Tai Chi e Louva-a-deus com Mestre Li Hon Shoi um amigo de Hong Kong.

- Em 1982 praticou Tai Chi Chuan tradicional Mestra Choy Tai Tai em Porto Alegre e Treinou Kung Fu estilo Hung Gar da família Lao de Hong Kong com Stanley Tong que hoje e um grande diretor de cinema.

- Em 1985 Saiu de porto alegre se mudando para cidade Del Leste Paraguai, trabalhando em uma loja (Casa Americana), no período de um ano e meio deu aulas particulares para amigos e policias.
Em 1989 seu primo o convidou para trabalhar em Toronto, Canadá nesse período de um ano começou a treinar Tai Chi Chuan, Kung Fu estilo Wing Tsu com o Grão Mestre Tam Wah.

- Em 1990 voltou para foz do Iguaçu e 1991 abriu uma academia para divulgação em sociedade com Grão Mestre Li. Em 1993 foi professor no Floresta Clube no bairro Vila A.

- No período 1996 ate 2000 ficou praticando Tai Chi Chuan Yang com mestre Pin Sin Sam e estudando vários outros estilos com seu amigo Grão-Mestre Drº Cheng (Louva Deus de Sete Estrelas).

- Em 2000 voltou para Toronto, Canadá Treinar Choy Lee Fut com Grão Mestre Cheng Yon e também treinar na Sunny Tang Martial Arts Centes (estilo Wing Tsun) com o Grão Mestre Sunny Tang, e com filho do Grão Mestre Sunny Tang, Alan Tang praticar Wushu (Kung Fu moderno).

- Em 2003 Mestre Wah veio para Recife PE para divulgar as artes marciais chinesas.
- Em 2004 Mestre Wah foi convidado pelo seu Primo e Presidente Daniel Su Xinque, para entrar na “ASIBRA” Associação Sino Brasileira de Comercio Exterior para divulgar as artes marciais chinesas fundando a Mundo Unido Instituto de Artes Marciais. Em 2009 ampliou sua academia para Mundo Unido Instituto de Artes Marciais Família Ng.

wing chun

Wing chun (ving tsun ou wing tsun) é um sistema de luta surgido no sul da China que se distingue pela economia de movimentos e utilização da estrutura óssea.

A arte baseia-se na leitura da inteligência da "Garça" com a "Serpente" e na base do "Carneiro". Embora muitos mestres oficiais do Wing Chun espalhados por todo o mundo trabalhem para o crescimento deste estilo, sua grande popularidade no ocidente veio a partir de seu praticante mais famoso, Bruce Lee, (discípulo de Yip Man), que o praticou e o valorizou, utilizando-o como base para o "estilo" de luta que ele viria a criar tempos depois, o Jeet Kune Do.

 


Descrição


Wing Chun é um sistema de defesa pessoal realista, criado na China por uma mulher (monge shaolin). Simples e eficiente, descarta todo movimento acrobático. É uma arte marcial singular, desenvolvida para permitir que qualquer tipo de pessoa, independentemente de tamanho, força ou sexo, possa se defender de agressores maiores e mais fortes.

Neste sistema trabalha-se com todas as possibilidades: mais de um atacante, ataques de qualquer direção, de pé, sentado ou já no chão, etc...

Mais antigo que o caratê e o taekwondo[carece de fontes] (só para citar duas excelentes e muito diferentes artes marciais), suas origens vêm do mosteiro Shaolin (Siu Lan), onde a mestra de artes marciais, Monge Ng Mui, possuía habilidade técnica superior aos combatentes do seu tempo[carece de fontes]. Segundo a lenda, partindo do conhecimento dos estilos tradicionais, e pela leitura da luta entre a serpente e a garça, Ng Mui criou um novo e eficaz sistema de combate, que não só retificava as debilidades dos sistemas convencionais, mas também tirava proveito delas. Tornou-se um sistema de luta com o passar das gerações, onde outros mestres da arte incluíram novas técnicas, como por exemplo, a introdução do bastão longo, na época dos "Juncos Vermelhos" (Embarcações da Ópera Chinesa).

A principal diferença, entre os estilos praticados até então, está em seu conceito de defesa. Enquanto em outras artes marciais procura-se acima de tudo bloquear o ataque do agressor para depois contra-atacar, ou mesmo desviar este ataque para depois contra-atacar, o princípio básico do Wing Chun é o de utilizar esta força contra o próprio agressor, onde a defesa já funciona como ataque e vice-versa.

História


Há aproximadamente 250 - 300 anos atrás, o povo chinês Han vivia sob mercê do povo Manchu, guerreiros da nobreza da China. Os Hans eram proibidos de praticar artes marciais, mesmo sendo a etnia da grande maioria da população chinesa até hoje. Contudo, no templo de Siu Lan, era possível praticar o Kung Fu, sem restrições, pois as artes marciais tinham papel importante para o maior entendimento na busca da iluminação.

Existem várias versões para a história do sistema envolvendo o templo de Shaolin (Siu-Lan), a monja Ng Mui, e a jovem Yim Wing Chun, de acordo com a linhagem a que pertencem. A partir de "Leung Bok Toa" (marido de Yim Wing Chun) a história basicamente segue igual, com exceção de algumas recentes versões que descartam totalmente a existência de Yim Wing Chun como uma pessoa, e dão um salto na história até a era dos juncos vermelhos. Aqui são apresentadas algumas destas histórias de acordo com suas linhagens:

Do templo à Yim Wing Chun na linhagem Leung Ting


É dito que o mosteiro Shaolin (Siu Lam, no dialeto cantonês) dispunha de 36 câmaras (ou templos). Uma dessas câmaras, a Vein Tsun Tong, era liderada pela monja budista N´g Mui, já conhecida na época por ser perita no estilo "Weng Chun Bak Hok Pai" - Weng Chun da Garça Branca da província de Fujian.

Devido a problemas políticos e por suspeitas de conspiração e atividades rebeldes, o governo Qing ateou fogo no templo Shaolin e declarou a monja N'g Mui, juntamente com outros mestres do templo, foras-da-lei. Fugindo então de Fujian, eles se dispersaram por diferentes partes do sul da China.

N'g Mui dirigiu-se ao distrito que fica na fronteira entre as províncias de Yunan e Szechuan, e se estabeleceu no "Bak Hok Koon", ou Templo da Garça Branca na montanha Tai Leung. Ao chegar a essa região, deparou-se com algumas técnicas inovadoras, levando-a a reformular o que já sabia, criando um novo sistema de combate.

Lá, a monja aceita somente uns poucos alunos, dentre eles Yim Wing Chun , uma linda garota filha dum comerciante local, muito assediada por alguns locais, e por um rufião, que era temido por ser um bom lutador. A monja então, mediante exaustivos treinos, ensina sua técnica e conhecimentos à garota.

Wing Chun, adulta, se casa com um vendedor chamado Leung Bok Chau (Leung Bok Toa), comerciante de sal de Guangdong, por um acordo firmado pelos pais de ambos. A discípula então ensina ao marido a técnica e este o aperfeiçoa.

Do templo à Yim Wing Chun


O templo de Shaolin da província de Henan era um lugar onde muitos revolucionários de partidos esquerdistas procuravam exílio, numa época onde o templo era muito respeitado. Entretanto, não era do interesse do Governo Manchu que esses rebeldes permanecessem vivos, e devido aos monges constantemente aceitarem peregrinos, tornou-se de fácil acesso para certo espião que, disfarçado, envenenou toda a água e ateou fogo nas dependências do templo, abrindo as portas e permitindo a entrada dos soldados Manchus.

Após a destruição de Shaolin pela invasão do exército Manchu, Ng Mui, decidida a continuar na vida religiosa, ingressou no templo da garça branca onde, ali próximo, conheceu o velho Yim Yee. Segundo a história, Yim Yee tinha uma filha chamada Yim Wing Chun, que conforme os costumes chineses da época, tinha sido prometida em casamento, para um negociante da província de Fukin Neste lugar, havia homem chamado Wong que provavelmente pertencia a hierarquia governamental da região, e que era famoso tanto por sua habilidade em lutar quanto por seu mau procedimento. Atraído pela beleza de Yim Wing Chun, Wong queria-a como uma de suas concubinas, dizendo que, ou ela se casava com ele, ou ele a tomaria à força em uma determinada data. Yim Yee estava velho e já não tinha mais condições físicas de enfrentar o valentão em um duelo, o que era muito comum nesta época para resolver diversos assuntos. Todos os dias, ele e a filha se preocupavam com a data que se aproximava sem saberem o que fazer.

Enquanto isso, a monja Ng Mui que estava hospedada no templo da garça branca, costumava descer à vila, no sopé da montanha para fazer pequenas compras. Certo dia, conversando com Yim Yee, ficou sabendo do que se passava, e se propôs a ajudar. Yim Wing Chun passou a estudar sob a tutela de Ng Mui, e como conseqüência de seu aprendizado, ela mesma resolveu duelar contra Wong, conseguindo derrotá-lo em um combate onde à questão disputada era sua própria liberdade. Mais tarde, casou-se com o noivo que lhe tinha sido reservado, de nome Leun Bok Tao, o qual já possuía conhecimento de artes marciais antes de desposá-la. Depois do casamento, Yim o via praticar seus exercícios e fazia-lhe sugestões a respeito de certas técnicas. A princípio, prestou pouca atenção a essas sugestões, pois se considerava um bom lutador. Mas o tempo foi passando e começou a notar certas pertinências em suas observações. Também não se esquecia do fato que havia derrotado um homem no passado. Resolveu então, desenvolver as técnicas de sua esposa, a qual passou a chamar de Wing Chun Kuen (Punhos de Wing Chun)

 De Leung Bok Toa a Yip Man nas linhagens de Yip Man


De Leung Bok Toa (Leung Bok Chau), o sistema é passado à Leung Lan Kwai, médico herbário e osteopata. Até esta época, a arte ainda não havia sido nomeada, todavia, ao ensiná-la, "Bok" dá o nome de sua amada esposa ao novo sistema: "Wing Chun Kuen", em português, "Punhos de Wing Chun" (em homenagem a ela). O nome próprio de Wing Chun pode ser traduzido como: "Eterna Primavera" ou "cantar em louvor à chegada da primavera".

Leung Lan Kwai sucessivamente ensina-o para Wong Wah Bo e Leung Yee Tei. Esse foi o período conhecido como dos Juncos Vermelhos, que constituía numa apresentação itinerante, onde esses mestres se apresentavam, a estes foi atribuída também uma atividade revolucionaria contra o governo Manchu.

O sucessor destes foi Leung Jan (considerado Rei do Wing Chun), que modificou algumas técnicas e passou para Chan Wah Sun e também para seus próprios filhos, iniciando a fase Fat Shan (cidade onde estes mestres residiam).

De Chan Wah Sun e Leung Bik (filho de Leung Jan),o estilo é ensinado a Yip Man que o difunde em Hong Kong, e, por intermédio de seus filhos e alunos é difundido em escala mundial.

Como o wing chun chegou ao Ocidente


O Wing Chun foi transmitido em secreto em algumas linhagens, e em âmbito familiar na de Yip Man, até a década de 40, quando este teve que se mudar para Hong Kong. Alguns de seus primeiros alunos foram Wong Shun Leung, Tsui Sheung Tin, Hawkins Cheung, Ho Kam Ming, Bruce Lee, Duncan Leung e Leung Sheung. Bruce Lee (que treinou de 1954 a 1958) ao chegar nos Estados Unidos, provavelmente foi a primeira pessoa a fazer a transliteração fonética do chinês para o inglês: "Wing Chun". Entretanto, alguns estudantes do Patriarca Yip Man em Hong Kong, não gostaram da associação da sigla W.C. (banheiro) com o sistema, e assim o transcreveram em "Ving Tsun". No final da década de 60, por motivos de saúde, o Patriarca Yip Man decidiu não mais ensinar, entregando sua escola aos cuidados de seus estudantes mais antigos. Na tradição chinesa é dito que ele "Fechou as portas!".

Por intermédio de Leung Ting


O Patriarca Yip Man não poderia imaginar que o adolescente, que um dia encontrou parado nos degraus de sua porta, pudesse ter tanto interesse por sua pessoa e pelas técnicas do Wing Tsun.

Leung Ting que já havia passado quase oito anos sob a orientação de Leung Sheung (primeiro estudante de Yip Man em Hong Kong) foi aceito pelo patriarca como discípulo “a portas fechadas” (estudante particular) e aprendeu as técnicas mais avançadas do Wing Tsun. O Grande Mestre instruiu Leung Ting de uma maneira muito peculiar. Em vez de corrigí-lo, começando com a primeira forma, iniciou suas lições com a mais avançada das técnicas de mão vazia, isto é, com a técnica do boneco de madeira.

Com a idade de 19 anos, Leung Ting, estudante da Universidade Batista de Hong Kong, formou nesta universidade sua primeira turma de Wing Tsun. Em apenas seis meses ele tinha mais de 120 alunos. Um verdadeiro recorde naqueles tempos, visto que por causa dos tradicionais métodos de ensino seguidos na época, nenhum outro instrutor de Wing Tsun contava com um número tão grande de alunos. Sendo responsável por tantos alunos, Leung Ting viu-se obrigado a desenvolver um sistema de ensino mais moderno e que pudesse satisfazer as necessidades de cada praticante em especial. Criou um programa sistemático de aulas, que garantia ao aluno poder continuar e aprender todas as técnicas, sem faltar sequer uma. Esse foi o início do método que se tornaria muito conhecido no mundo.

Em 1972, no ano de falecimento do Patriarca Yip Man, e na época que Bruce Lee se tornava o astro de cinema mais famoso no sudeste da Ásia, Leung Ting começava o seu trabalho de desenvolvimento, atualização e modernização da arte do Wing Tsun.

Por intermédio de Wong Wai Chung (Greco Wong)


No final da década de 1950, Greco Wong, residindo em Hong Kong, e já tendo experiência em kung fu e esgrima iniciou seu aprendizado em wing chun com Tsui Sheung Tin, posteriormente com Mak Po e depois com Moy Yat, todos estes treinavam diretamente com o grande mestre Yip Man. Por intermédio de Moy Yat, Greco Wong fora apresentado a Yip Man, com o qual teve aulas particulares na casa do grande mestre por bom tempo. Greco Wong tem como seu aluno de primeira geração, Thomas (Lo Siu Chung), aluno da época em que ensinava na faculdade em Hong Kong, inicialmente a um grupo de 5 alunos. Em 1969 Greco Wong lança a primeira publicação sobre wing chun para o ocidente; wing chun kung fu, methods of self defense; junto a R. Clausnitzer. Greco Wong residiu na Àfrica do Sul, Inglaterra, Hong Kong, e atualmente Canadá. Divulgou ensinando nos países por que passou, além de seus discípulos se estabelecerem em outros países como Taiwan, Brasil. Greco Wong não ministra mais aulas abertamente; enquanto manteve aulas abertas a público construiu uma reputação de um mestre do qual seu ensino foi muito rigoroso em relação a disciplina, a técnica e sua aplicação real, a relação tradicional entre mestre e aluno. A maneira de se ensinar, de Greco Wong sempre se manteve de maneira reservada.

Por intermédio de Duncan Leung


Apresentado a Yip Man por Bruce Lee seu primo, Duncan (Leung Siu Hung) passou a treinar pagando US$ 08,00 por mês, e depois U$ 12,00, convicto de que toda vez que brigasse na rua sairia vencedor, o que aparentemente acontecia, pois desferia vários socos no rosto de seu oponente, o qual sangrava muito, entretanto, quando chegava em casa tinha que passar pomada nas costelas pois também tinha sido muito golpeado.

Observando as técnicas dos alunos mais antigos, foi a Yip Man e disse: "Isto é tudo que aprenderei?" - Pois Duncan já não estava mais tão impressionado. "O que mais você esperava pagando apenas US$ 12,00?" - Respondeu Yip Man. "Você tem US$ 300,00?" - Concluiu. A partir de então, Duncan passou a ter aulas individuais em sua casa pelo período de quatro anos e meio com o idoso Mestre Yip Man, com o qual concluiu todo o estilo, até que teve que viajar para a Austrália para cursar o ensino superior em Administração. Em 1970 mudou-se para os EUA e hoje reside seis meses na china e seis meses nos EUA.

Em 1970 começou a dar aulas a policiais americanos, em New York. Nos anos 80 passou a treinar o "Seal Team" - grupo especial da Marinha norte-americana. A seguir, ministrou aulas para a SWAT e o FBI em Virginia Beach, sendo o único Chines a morar na cidade dos militares em Virgina Beach.

Aprendizado e treinamento


A primeira base aprendida é denominada Yi Ji Kim Yeung Ma, adaptada ao treinamento de socos, defesa e base de combate. A postura Yi Ji Kim Yeung Ma é utilizada, entre outras coisas, para se fortalecer a base, buscando o apoio do centro de gravidade aumentado o equilíbrio e a consciência corporal.

O Siu Nim Tao (pequena idéia) é o nome da primeira das formas do Wing Chun, este mostra explicitamente o método suavidade/firmeza nos socos e defesas com os braços. Esta forma é fundamental, pois torna possível vislumbrar todo o trabalho relacionado à pratica do Wing Chun.

O método de treinamento pode ser divido em 4 partes:

 Formas

"Formas" são seqüências ordenadas de movimentos que servem para dar coordenação corporal. Assim como no ensino fundamental (primário) precisa-se aprender exercícios motores com a mão (serra-serra, ondinha, bolinha, etc) antes de iniciar o trabalho da escrita, no Wing Chun você precisa aprender exercícios motores com o corpo antes de iniciar o trabalho das técnicas de luta.

Formas de mãos: 1) Siu Nim Tao "pequena idéia". 2) Chum Kiu - "ponte que desaba". 3) Biu Jee "dedos penetrantes" 4) Muk Yan Jong "Homem de Madeira (traduções equivocadas, siu=pequeno, nin=ideia, tao , caminho) chum=procurar kiu=ponte, biu= apontar jee=dedos Formas de armas: 1) Look-Dim-Poon-Kwun "Bastão dos Seis Pontos e Meio". 2) Baat Chum Doa {se pronuncia tou}"Facões Borboleta (Espadas Gêmeas)".{traduçao e interpretaçao equivocada também, pa=8, cham =cortes, tou= facas}

Chi-sao (mãos que aderem)

É a única arte marcial que possui um exercício onde os reflexos táteis são tão amplamente treinados. Por intermédio do Chi-Sau desenvolve-se a capacidade dos nossos braços se adaptarem aos movimentos dos braços do agressor. Os reflexos de defesa do Chi-Sau são determinados de um modo imediato e mecânico pelo ataque do oponente. Assim, eles sempre se adequam à situação. Os reflexos táteis são, de longe, muito mais rápidos que os reflexos gerados por uma informação visual. O Chi-Sao permite que o lutador se defenda mesmo sem enxergar.

Lat sao (trapping hands) "mãos que enganam"


No Lop Sau utiliza-se as mãos e braços como "armadilhas" onde, sempre se leva a imobilização ou neutralização dos ataques desferidos com as mãos pelo adversário. Era uma das técnicas preferidas de Bruce Lee.

 Técnicas de luta

Desenvolvimento de técnicas de luta com base nos três primeiros conceitos para as diversas situações de combate.

yip man

Yip Man


 
Yip Man
 




Yip Man - (Foshan, China da Dinastia Qing, 6 de Novembro de 1893 - Hong Kong, China, 2 de Dezembro de 1972) nasceu em uma família abastada, cujo templo era dirigido pelo Mestre Chan Wah Shun, "Wah, o Trocador de Dinheiro", do estilo Wing Chun (ou Ving Tsun) de Kung Fu.
Yip Man treinou com o Mestre Wah até o seu falecimento, três anos depois. Nessa época ele se mudou para Hong Kong para prosseguir os estudos de graduação.

Yip Man vivia se envolvendo em brigas onde sempre vencia graças à eficiência de seu Kung Fu. Um dia convidaram-no para enfrentar um senhor de seus 50 anos de idade, que diziam conhecer artes marciais.

Ele aceitou imediatamente e procurou o homem para desafiá-lo. Este o olhou de alto a baixo e sorriu, perguntando se ele havia treinado com o venerável Mestre Chan Wah Shun, de Fatshan e se ele já havia aprendido o Chum-Kiu (segunda forma do estilo Ving Tsun).

Yip Man não ouviu o que o homem dizia, pois teria percebido que apenas um conhecedor do estilo poderia saber esses detalhes. Vendo que não havia outra alternativa, o homem disse que Yip Man poderia atacar como quisesse, que ele tentaria não machucá-lo.

Isso enfureceu o adolescente, que atacou diversas vezes. O homem apenas esquivava seus golpes e o jogava ao chão até que Yip Man reconheceu sua derrota. O senhor finalmente se apresentou: era Leung Bik, o segundo filho do Grande Mestre Leung Jan, professor do Mestre de Yip Man.

Yip Man se desculpou e solicitou que o aceitasse como discípulo. Dessa forma Yip Man concluiu os estudos do Ving Tsun aos 24 anos, quando retornou a Foshan.

De volta à sua terra natal, foi acusado de desertor e de ter aprendido outro estilo de Kung Fu. Levou muito tempo para convencer seus colegas do encontro com Mestre Leung.

Yip Man, fiel à promessa feita ao seu Mestre, primeiramente se recusou a ter alunos. Depois da Segunda Guerra Mundial, já pai de família e com a sua fortuna arrasada pela guerra, voltou a Hong Kong para tentar ganhar a vida. Refinado e sem grandes dotes físicos, teve muita dificuldade para arranjar emprego.

Finalmente foi convencido por um amigo a dar aulas de Kung Fu na Associação dos Trabalhadores em Restaurantes de Hong Kong. Com o passar do tempo juntou um punhado de discípulos com os quais fundou sua primeira academia. Seus alunos, entre eles o famoso Bruce Lee enfrentaram muitos desafios que tornaram o Ving Tsun famoso e muito procurado.

Em 1967 ele fundou a Hong Kong Ving Tsun Athletic Association, entidade que ainda hoje representa aquele estilo em Hong Kong e foi o berço de todos os Grandes Mestres de Ving Tsun da atualidade.

Faleceu em 1972, vitimado por um câncer na laringe.